Olá pessoal. Espero que todos tenham tido um ótimo final de ano e excelente comecinho de 2018. Como prometido, na volta deste pequeno recesso, irei finalmente começar a série sobre metodologias ativas. Como primeiro tema escolhi começar falando da Sala de Aula Invertida que é uma das mais comuns (senão a mais comum) dessas metodologias. Existe uma tonelada de trabalhos sobre esse tipo de ferramenta, sua aplicação e eficiência e, como sempre, meu intuito aqui é fazer um breve compilado/apanhado para reunir e resumir esse material e facilitar para quem busca se informar a respeito. Quem tiver maior interesse pode assistir estes vídeos aqui e aqui.
A sala de aula invertida, ou Flipped Classroom, é uma modalidade de metodologia ativa que tem sido pesquisada desde o começo da década de 90, mas que foi formalizada no modelo atual em 2007 pelos professores Jonathan Bergman, Karl Fisch e Aaron Sams.
Para compreendê-la comecemos por estabelecer a lógica do processo de aprendizagem no modelo tradicional. Neste formato o tema central da aula é abordado em uma aula expositiva onde o professor, como figura central, explica e exibe todo o conteúdo didático. Em seguida é delegado ao aluno alguma leitura complementar ou uma releitura do assunto trabalhado no livro didático e exercícios/problemas para fixação. E toda essa segunda parte, geralmente é realizada após as aulas pelo aluno em casa ou em ambiente propício (algumas escolas fornecem espaço e tempo de estudos após as aulas para os alunos se dedicarem às atividades do dia).
A técnica então, busca inverter essa lógica (daí o nome). O professor fornece material de estudo para que o aluno tenha o primeiro contato com o tema (seja de modo expositivo ou ativo) em casa, antes da aula presencial. Posteriormente, a parte de releitura, discussão e confecção de exercícios é realizada em sala com orientação do professor e em conjunto com os colegas. A ideia é que, esta parte ativa é a mais importante do processo de aprendizagem, uma vez que, dada a necessidade do envolvimento ativo do aluno, é a parte onde ocorre maior memorização e compreensão. Por isso, o foco é trazido para esta parte. O professor também muda seu papel, uma vez que nestas discussões e resoluções de problema ele deve atuar como mediador e não expositor, já que se ele for simplesmente fazer os exercícios em sala o caráter do aluno novamente é passivo e pouco se muda no processo.
Um levantamento feito na Universidade de British Columbia indicou um aumento de 20% na presença e 40% na participação dos alunos que tiveram contato com este tipo de aula e para determinados assuntos a técnica se mostra um excelente disparador para debates mais construtivos e produtivos.
Muitos professores que usam a técnica da sala de aula invertida preferem gravar vídeo-aulas próprias e disponibilizar para os alunos. E para isso recomendo o uso de uma mesa digitalizadora que ajuda muito na confecção de exercícios e anotações. O PowerPoint 2016 também permite a confecção rápida de vídeos a partir de apresentações com gravação de áudio em tempo real, e animação ao comando do professor (posso fazer um post só sobre essas ferramentas depois). Porém, isso não é uma necessidade embutida no método e mesmo a simples leitura prévia de material didático clássico pelo aluno, já pode ser usada como ferramenta de contato inicial.
Além disso, professores que não tiverem tempo e/ou recursos para gravar aulas personalizadas aos seus alunos podem fazer usos de outros materiais disponíveis na rede como simuladores online (como o Phet Colorado que explicarei melhor em outro post só sobre ferramentas didáticas) ou vídeos dos inúmeros canais de divulgação e aulas que hoje residem no YouTube.
Uma ferramenta que pode ser muito útil para quem estiver interessado em usar essa técnica é o Edpuzzle que, como a própria plataforma anuncia, permite que você transforme qualquer vídeo em uma aula personalizada. Nele você pode importar vídeos do YouTube, recortar trechos, editar e adicionar comentários ao longo do vídeo, explicações e até exercícios e questões que pausam o vídeo para que o aluno resolva antes de continuar, e tudo isso gratuitamente. Excelente ferramenta de interatividade para se adaptar vídeos gerais a sua necessidade didática.
Bom, essa é a visão geral do que é a Sala de Aula Invertida e como cada professor pode adaptar a técnica à sua realidade julgando o melhor momento e conteúdo a ser abordado com essa ferramenta. Espero que o texto contribua de alguma forma para ajudar no uso dessa poderosa ferramenta de ensino e até semana que vem.
7 comentários em “METODOLOGIAS ATIVAS #1: SALA DE AULA INVERTIDA”