Olá Pessoal. No texto desta semana gostaria de compartilhar com vocês algo que muitos já devem praticar, mas que é uma ferramenta que me adiantou muito a vida e, por isso, decidi partilhar para aqueles que talvez não conheçam, que é o uso de Curadoria, ou dos chamados, Curadores de informação. Antes de falar especificamente do que se trata essa ideia, gostaria de trazer aqui uma reflexão muito interessante, baseada na palestra TEDx que assisti do humorista e palestrante Murilo Gun, em que ele fala sobre educação e criatividade (Recomendadíssima).
Nesta palestra, Gun ressalta o constante processo de evolução tecnológica (e consequentemente social) ao qual estamos sujeitos, e como isso tem se acelerado cada vez mais. Em apenas uma década, o desenvolvimento tecnológico deu saltos enormes, possibilitando maior acesso a novas tecnologias em uma escala nunca antes vista. Com isso vieram uma miríade de aplicativos, plataformas, redes sociais, modelos de negócios e profissões que até 2008 sequer existiam. A internet cada vez mais rápida e a popularização dos gadgets de acesso, permitiram um fluxo de informação praticamente infinito e isso, invariavelmente, impacta na forma como consumimos e transmitimos conhecimento. (Parte disso é o motivo deste blog existir, mas falarei sobre isso mais a frente).
Neste contexto, proponho a reflexão: Como lidar, de modo eficiente, com essa avalanche de informação que nos atinge por todos os lados, enquanto buscamos nos capacitar, com o curto tempo que dispomos? Pergunto isso porque, ensinar é um desafio que se renova a cada geração. Por isso, educadores estão em constante aprendizado e busca de informações, que os permitam se atualizar e encontrar novos meios de promover um processo de aprendizado significativo. Porém, se tempo é um bem escasso para todo adulto com responsabilidades (casa, família, trabalho, saúde, etc) para um educador no Brasil a coisa se complica ainda mais. Os motivos são vários, mas os dois principais, na minha opinião, é a (baixa) valorização (que muitas vezes força um professor a assumir uma quantidade sobre-humana de aulas) e um modelo de mercado de trabalho que, na maioria dos casos, ainda não contempla a importância dos tempos de planejamento e preparação das aulas como parte do horário de trabalho.
E ainda assim, com todos esses desafios, muitos educadores encontram tempo para se dedicar a aprender formas de inovar e promover uma educação mais eficiente e significativa. Mas aí vem o segundo problema. Se informação antes era escassa, hoje existe em excesso, e muito não necessariamente quer dizer bom. E aí, como decidir o que consumir para fazer o melhor uso do curto tempo disponível? Se tudo o que você tem para estudar e se capacitar são 2 horas semanais, fica impraticável gastar 4 horas filtrando e selecionando material bom, dentro de uma tonelada de vídeos, artigos e livros que hoje são produzidos praticamente sem lastro.
Aí entra a ideia dos Curadores. A curadoria está relacionada ao cuidado, seriedade e zelo no trato/administração de alguém ou algo (como obras de arte ou informação). Deste modo, curadores de informação seriam aqueles que administram informação com seriedade e zelo como, por exemplo, jornalistas, críticos, escritores, palestrantes, professores, e divulgadores/produtores de conteúdo como YouTubers, plataformas de cursos e Blogueiros.
Assim, podemos eleger curadores de informação, para que nosso tempo possa ser utilizado apenas no consumo e processamento destas informações que já foram selecionadas de acordo com nossos interesses. Como Gun fala em sua palestra, é como se você fosse uma empresa, a “VOCÊ LTDA”, onde os curadores seriam o corpo de conselheiros dessa empresa (e eles nem precisam saber que são seus curadores). Você os elege (e também os demite se achar que não prestam mais um bom serviço) e com isso passa a usá-los como ferramenta para te ajudar a fazer uso eficiente do seu tempo. Podem até ser pessoas que você conhece. Eu mesmo tenho muitos amigos e colegas de trabalho que considero curadores de informação em diversos assuntos.
Seu problema maior passa a ser agora, escolher os curadores. Mas note que isso é um trabalho apenas em primeiro momento. Você dedica um tempo procurando um curador e avaliando se ele é bom e, uma vez escolhido, naquele assunto, não precisa mais dedicar tanto tempo selecionando informação. Vou dar um exemplo bem prático e que não tem nada a ver com educação. Até 2 anos atrás eu não sabia absolutamente nada de investimentos e me faltava ânimo para procurar sozinho na internet sobre isso. Sem falar que uma rápida busca no Google me trazia meia tonelada de informação e ficava difícil eu selecionar em qual confiar ou qual usava a melhor linguagem.
Eu queria saber sobre Tesouro Direto e passei por 10 sites até achar um que tinha as informações que eu queria, e nisso foi mais de uma hora. Felizmente, eu encontrei no YouTube canais de economistas que se dedicam a ensinar sobre investimentos e administração financeira em uma linguagem acessível e rápida com vídeos curtos e objetivos (como o Me Poupe e o Primo Rico). Isso me ganhou muito tempo e me permitiu adquirir um bom conhecimento inicial para perder o medo de investir e até saber selecionar as informações que devo buscar na hora de avaliar um investimento.
A partir dessa iniciativa eu comecei a procurar e eleger curadores dos mais diversos assuntos e a sistematizar sua organização. Tenho curadores para atualidades tecnológicas: Blogs, sites e canais de vídeo que sei que não são sensacionalistas, não caem em lendas urbanas como a capa quântica da invisibilidade e baseiam-se em patentes, artigos e eventos respeitados de tecnologia. E para decidir que eletrodomésticos comprar: Blogs e canais que se dedicam a testar equipamentos, analisar relação custo/benefício, averiguar índice de reclamações e comparar diferentes marcas e modelos. E isso tem me economizado muito tempo (e dinheiro).
E não só essa prática permitiu a aquisição do conhecimento para as publicações que fiz até hoje neste site, como é a razão do mesmo existir. O meu principal objetivo aqui é justamente tentar fazer um trabalho de curadoria com as informações sobre educação e ferramentas de ensino que tenho contato. E isso, além de me ajudar a sintetizar o que aprendi (e com isso fixar a informação) me permite, de algum modo, ajudar educadores que, dispondo de ainda menos tempo que eu e trabalhando em meio a inúmeras adversidades que eu sequer imagino, ainda encontram tempo e energia para tentar inovar e fazer a diferença. O “Educação Científica” é a minha tentativa de contribuir de alguma forma para todos os que tentam inovar no ensino e que, portanto, partilham da minha mais profunda admiração.
Na segunda parte desta publicação pretendo partilhar alguns sites, cursos e canais que uso como curadores para minha atuação docente e formação de modo geral com alguns comentários descrevendo brevemente cada um. Como sempre, espero ter contribuído e até semana que vem.
5 comentários em “VOCÊ LTDA: Curadoria na Era da Informação – Parte I”